sábado, 13 de dezembro de 2008

Motor funciona a lixo e sobras para gerar energia

Não é como no filme De volta para o futuro, em que o cientista alimenta o motor do carro com tudo que encontra numa lata de lixo, mas parece. O motor desenvolvido pelo pesquisador Aldemir Chaim, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem duas diferenças básicas: não é um motor de carro, mas estacionário, e aceita como alimento tudo que queima, que seja seco. "Se pega fogo, é suficiente para fazer o motor funcionar", resume Chaim.

O objetivo do pesquisador, responsável pelo laboratório de aplicação de agrotóxicos da Embrapa em Jaguariúna, interior de São Paulo, é tornar pequenas propriedades rurais não atendidas pelas redes de eletricidade auto-suficientes em energia elétrica. O motor funciona a casca de árvore e de produtos agrícolas, palha, folhas secas, sobras de combustíveis, seja álcool, biodiesel, e tudo, enfim, que pegar fogo.

Não deverá custar mais do que R$ 150 e poderá ser usado, prioritariamente, num pulverizador também desenvolvido por Chaim, capaz de reduzir em 70% as perdas na aplicação de agrotóxico. "Só essa economia já justifica o investimento, mas o fundamental é que contribuirá decisivamente para a preservação do meio ambiente, pois alem de gerar energia com sobras de diversos produtos, o motor, combinado com o pulverizador, evitará desperdício e a contaminação do solo com agrotóxicos", informa.

O motor multicombustível foi apresentado pela Embrapa durante o Congresso Mundial de Engenharia, em Brasília. A fonte de energia que faz o motor trabalhar fica do lado de fora. Pode, por exemplo, produzir energia elétrica para movimentar uma bomba d¿água, sistemas de ventilação, como em granjas. O que hoje é jogado fora será aproveitado para melhorar renda, produção, conforto do agricultor. Já o pulverizador, segundo Chaim, é eletrostático. Com ele, o agrotóxico é atraído pela planta, sendo depositado diretamente na sua superfície.

Estudo com a cultura de algodão mostrou um aumento médio de 58% de deposição na pulverização eletrostática em relação à convencional¿, diz Chaim. Ele observa que a aplicação de agrotóxicos hoje ainda é a mesma desenvolvida no século 19, com perdas de até 77%.

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