Segundo Márcio Sônego, pesquisador em Agrometorologia da Epagri (Urussanga/SC), até esta sexta-feira (21), além dos 128 mm de chuva (normal para o período), a Estação já registrou 161 mm a mais de água durante estes dias.
“Mês de setembro e outubro foram acima da média considerada normal, sendo que somente outubro registrou 267 mm, o dobro dos habituais 133 para o mês. Isso fecha uma seqüência de três meses muito úmidos”, ressalta o engenheiro agrônomo.
Sônego explica que o excesso de água no solo afeta principalmente as hortaliças tanto a nível comercial como as caseiras. Isso resulta o apodrecimento de plantas folhosas como a alface e repolho. “O excesso de chuva causa menor incidência de luz solar e menor temperatura, inibindo o crescimento normal das plantas”, enfatiza.
O engenheiro agrônomo destaca que a chuva persistente inibe o trabalho das abelhas e a produção de mel. Além disso, há uma preocupação dos órgãos de saúde com o excesso de umidade e o possível calor dos meses de verão com o mosquito da dengue que pode vir a ser problema em Santa Catarina.
Em 2005 foi registrado 318 mm de chuva em agosto (normal seria 129 mm) e 317 mm em outubro (normal seria 133mm). Naquele ano a cultura do fumo foi a principal cultura prejudicada com baixa qualidade das folhas produzidas.
Pesquisador ressalta que a tendência para janeiro é que seja chuvoso
Este alto índice de chuva está relacionado a um bloqueio da alta atmosfera que não deixa a linha de instabilidade se deslocar para o oceano ou para o norte. Além disso, a circulação de ar do Oceano Atlântico de encontro às serras litorâneas tem causado mais chuva ainda, ao que se chama de "lestada". Na semana passada as fortes chuvas, em especial no litoral norte de SC foram causadas por uma área de baixas pressões atmosféricas.
“O pior de tudo é que certos modelos de previsão climática (previsão trimestral) acusavam que o trimestre (novembro, dezembro, janeiro) seria seco. Isto porque o Oceano Pacífico, na costa do Equador/Peru, estaria entrando em fase de resfriamento, isto é, La Niña, o que em geral causaria mais frio e menos chuva no Sul do Brasil”.
Frutas serão as mais prejudicadas com a loucura do tempo
O excesso de chuvas vem acompanhado da falta de luz solar, principal fonte de energia para a fotossíntese e desenvolvimento da plantas. Na região Sul, os parreirais (uva), pêssego e ameixa poderão sofrer com a maturação e qualidade do fruto com falta de açúcar.
Os bananais da região têm dois problemas: a falta de calor está fazendo a produção diminuir, o que não é de todo ruim, pois, no caso específico da banana uma menor oferta de fruta no mercado resulta em manutenção de melhor preço ao produtor; o tempo chuvoso não permite a pulverização dos bananais para o controle da doença mal-de-sigatoka que afeta as folhas da bananeira e pode acarretar problemas de descontrole da doença nos meses de verão. No Sul de SC são 8.500 hectares de produção que podem ser prejudicados.
A chuva na floração da uva já causou uma perda de produção de 10%. O arroz irrigado, apesar de ser cultivado dentro dá água, sofre com a falta de luz solar e com as temperaturas mais amenas, tanto é que o crescimento das lavouras está atrasado. O fumo tem tido problema de amarelecimento das folhas o que diminui a qualidade do produto. A mandioca ainda está em fase inicial de crescimento e os produtores têm reclamado da falta de tempo bom para capinar as lavouras. O maracujá também está sentindo a falta de luz e calor.
Legendas fotos:
Bananais: O tempo chuvoso não deixa que a planta controle a doença mal-de-sigatoka que afeta as e pode acarretar problemas de descontrole da doença nos meses de verão.
Barragem: Barragem do Rio São Bento em Siderópolis/Nova Veneneza está acima do limite.
Texto: Jornalista Maíra Rabassa (SC 1886)
Fotos: Estação Epagri - Urussanga (SC)
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